Organizações rechaçam proposta de Banco Mundial financiar empresa Calyx Agro

6-7-2011, Correio do Brasil

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A proposta da Corporação Financeira Internacional (CFI) do Banco Mundial de financiar a empresa Calyx Agro não foi vista com bons olhos por organizações sociais latino-americanas e europeias. No mês passado, 15 organizações enviaram uma carta aberta denunciando o caso e pedindo à Corporação que rechace o empréstimo à empresa em questão.

De acordo com as entidades, CFI está discutindo a possibilidade de conceder um empréstimo de mais de 30 milhões de dólares a Calyx Agro, empresa conhecida por comprar terras agrícolas na América Latina para investidores estrangeiros. Na carta, as organizações recordam que, ao emprestar dinheiro para a corporação, o Banco Mundial estará ajudando não só a expansão da empresa, mas também a ampliação da posse de terra por parte dos investidores.

“Em um momento em que os movimentos sociais na América Latina e em todo o mundo estão exigindo o fim do ‘monopólio de terras de cultivo’ e onde muitos dos governos da região estão tomando medidas para restringir o investimento estrangeiro em suas terras de cultivo, é inaceitável que uma instituição multilateral como o Banco Mundial esteja oferecendo apoio direto a alguns dos atores mais importantes do mundo envolvidos no monopólio de terras”, comentam.

Além disso, alertam para o estímulo dado por Calyx Agro para a produção de monocultivos para a exportação, como soja, milho, algodão e trigo. De acordo com o documento das organizações, muitos dos monocultivos ficam a cargo de empresas especializadas, as quais utilizam “práticas agrícolas altamente mecanizadas e quimicamente intensivas, geralmente baseadas no uso de cultivos geneticamente modificados que resistem à aplicação de grande doses de herbicidas”.

Como consequência desse modelo, relatam problemas tanto ecológicos quanto sociais e econômicos, como: perda da biodiversidade, degradação do solo, desmatamento, contaminação genética, concentração de terras e rendas, êxodo rural, aumento da violência e da insegurança alimentar.

“Muitas das terras antes dedicadas à produção de cereais, produtos lácteos ou frutas se converteram em [produção de] soja e milho para a exportação, o que a leva à rápida multiplicação de impactos ecológicos e sociais, assim como à escalada de preços dos alimentos básicos na região”, recordam.

As organizações ainda rebatem a afirmação de desenvolvimento econômico rural apresentada pela CFI como justificativa para investir na proposta de Calyx. De acordo com as entidades, a agricultura industrial traz efeitos negativos para a população rural.

Como exemplo, as instituições que assinam a carta citam o caso do Brasil. Segundo elas, 85% das propriedades agrícolas pertencem a grupos familiares, os quais são responsáveis por cerca de 80% dos empregos rurais. Entretanto, eles só possuem 24,3% do território ocupado por propriedades. Do outro lado, as plantações de soja criam apenas dois postos de trabalho para cada 100 hectares de cultivo.

“Pela presente [carta], queremos também reafirmar que a aquisição de terras por empresas privadas não resolve os problemas iminentes da pobreza, da fome e da necessidade de reforma agrária, mas também que, pelo contrário, põe em perigo o já frágil sustento das comunidades rurais”, reforçam.

O documento completo está disponível em: http://farmlandgrab.org/uploads/attachment/IFC.pdf

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