Uma verdadeira financeirização da terra, dos recursos naturais e do sistema agroalimentar está em curso em toda a América do Sul. No contexto das múltiplas crises globais, a pressão sobre o controle da terra e outros recursos de interesse, como a água, nas zonas de fronteira agrícola aumentou consideravelmente, seja para utilização produtiva ou como ativos financeiros. Para este fim, a digitalização da governação da terra e a tecnologia de georreferenciamento que a apoia estão servindo para dissimular uma massiva grilagem digital das terras (land grabbing digital).
A tecnologia de georeferenciamento e a informação geoespacial tornou-se o principal critério de acesso a um certificado cadastral e para o título de propriedade no processo de regularização fundiária, o que facilita a legalização da histórica grilagem de terras públicas, mesmo em favor de estrangeiros, principalmente nas áreas prioritárias de expansão e investimento do agronegócio. Além disso, os cadastros digitais da terra tornam-se também um requisito para o acesso a outras políticas públicas e ao crédito rural no sistema financeiro.
Através destas tecnologias, financiadas em muitos casos por instituições internacionais como o Banco Mundial e com recursos para o combate a mudanças climáticas, os territórios dos povos tradicionais e indígenas são "apagados", para depois reaparecerem "legais e verdes", nas mãos dos agronegócios e promovidos como "sustentáveis" dentro das cadeias globais de commodities.
Neste relatório avaliamos a situação das terras e sua digitalização nas cinco zonas de expansão e investimento do agronegócio identificadas para a América do Sul: a Orinoquia ou os Llanos Orientais na Colômbia; o Matopiba no Cerrado Brasileiro; e as regiões no curso da rota de escoamento da hidrovia Paraná-Paraguai, os departamentos de Santa Cruz de la Sierra e Beni nos bosques secos chiquitanos na Bolívia, o Chaco Seco Paraguaio e o Chago Argentino.
Leia o relatório completo em: https://grain.org/e/6531