Novo "rei da soja" no Brasil é argentino e planta em Mato Grosso

21-8-2011
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GUSTAVO HENNEMANN, Folha de São Paulo

Oito anos após se instalar em Mato Grosso, o grupo argentino El Tejar se transformou no maior produtor de soja em terras brasileiras.  Na última safra, colheu 673 mil toneladas do grão em 220 mil hectares plantados no Brasil e passou o então "rei da soja" Eraí Maggi Scheffer, do grupo Bom Futuro. 
 
O brasileiro colheu 577,5 mil toneladas, 14% a menos que os novos líderes. Em dois anos, o El Tejar duplicou seu volume de produção em fazendas espalhadas pelo Estado de Mato Grosso, onde detém 150 mil hectares próprios e arrenda um volume equivalente. 
 
Fundado em 1987 por produtores familiares do interior da Província de Buenos Aires, o grupo atua, além da Argentina, também no Uruguai e na Bolívia. No Brasil, o grupo argentino chegou em 2003, quando montou a sede em Primavera do Leste (240 km de Cuiabá). Foi atraído pelo "clima privilegiado" do Centro-Oeste. 
 
O Brasil hoje representa de 35% a 40% da área total plantada pelo El Tejar. O grupo opera com um modelo de arrendamento no qual os donos da terra compartilham riscos e lucros. 
 
Considerada uma empresa "discreta" por analistas argentinos, o grupo se define como um "gestor da atividade agrícola", que fornece tecnologia e informações aos parceiros para "ampliar a própria escala de produção".  A expansão do grupo -que se transformou em sociedade anônima- é impulsionada por fundos de investimento estrangeiros, que detêm 53% da ações.  Os sócios fundadores continuam com pouco mais de 40%. Uma abertura do capital na Bolsa de Valores de Nova York ou de São Paulo é analisada. 
 
O novo "rei da soja" não é o único grupo argentino que expande sua área de produção no Brasil.  O Los Grobo, que chegou ao país em 2008 para cultivar terras do "Mapito" -região que abrange fronteiras agrícolas de Maranhão, Piauí e Tocantins- agora avança no Centro-Oeste.  Já a MSU, empresa familiar com origem na Província de Santa Fe, produziu 73 mil toneladas de soja na Bahia e em Mato Grosso do Sul na última safra. 
 
O grupo, que também tem um fundo estrangeiro como acionista, chegou ao Brasil em 2007. 
 
Segundo o professor do GV Agro (centro de pesquisa em agronegócios da FGV) Paulo Furquim de Azevedo, os argentinos começaram a chegar ao Brasil na última década para fugir de um ambiente "desfavorável e incerto" .  Esse clima ruim para o agronegócio, segundo Azevedo, foi criado nos governos de Néstor e Cristina Kirchner. 
 
"A estabilidade das regras do jogo no Brasil, em relação ao país vizinho, premiam os investimentos agrícolas. O Estado brasileiro intervém menos e não eleva as tarifas de exportação como lá." Na Argentina, o governo fica com um terço da renda das exportações de soja. 
 
Já a gerente de agroenergia da Informa Economics FNP, Jacqueline Bierhals, afirma que os grupos argentinos são atraídos pelos preços das terras no Brasil.  Aqui, as terras ainda são relativamente baratas, uma vez que no país vizinho resta pouca área disponível. 
 
Procurado pela reportagem, o grupo Bom Futuro, de Eraí Maggi, disse que os representantes não se encontravam para comentar a redução da área plantada com soja na safra passada.

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