Coreia busca parcerias para agroindustrialização na Bahia

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Young Je Ha, presidente da AT Korean Agro-Fisheries, visitou fazendas de milho e soja na região Oeste da Bahia (Fonte: Novoeste)

DCI | 10/06/11

Daniel Popov

São Paulo - O nordeste brasileiro parece mesmo se preparar para um crescimento dos asiáticos nos próximos anos. Após a parceria com empresas chinesas para a instalação de uma industria esmagadora de soja na Bahia, o estado já se prepara para fechar um acordo com a Coreia do Sul, que deve formar nos próximos meses uma empresa público-privada para investimentos na agroindustrialização e armazenamento de grãos. Uma comitiva coreana deve desembarcar no próximo mês no estado nordestino para conhecer a estrutura e os produtores baianos. O governo da Bahia não descarta investimentos na produção e em compra de terras.

As commodities agrícolas que trarão uma renda de R$ 7 bilhões para o oeste baiano nesta safra, segundo dados da Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária da Bahia (Seagri), também tem despertado o interesse de grandes investidores estrangeiros no estado. Prova disso foi o lançamento da pedra fundamental, no Município de Barreiras (BA), para a implantação de uma indústria esmagadora de soja e refino de óleo comestível, que terá investimentos de R$ 300 milhões de um grupo chinês.

Entretanto a busca por uma sustentabilidade na compra de alimentos, atraiu também a atenção de empresas multinacionais da Coreia do Sul, como Samsung, LG, Hyundai, Daewoo, Hanjin, entre outras. No mês passado o secretário estadual da Agricultura, o engenheiro agrônomo Eduardo Salles, e o superintendente de Atração de Investimentos da Seagri, Jairo Vaz, apresentaram para mais de 50 executivos coreanos oportunidades de investimento e de comércio na agropecuária baiana. "Nós fomos convidados pelo governo coreano para fazer uma apresentação sobre oportunidades de investimentos na agropecuária baiana. Lá estavam as lideranças das maiores empresas do país, e todas elas estavam bastante interessadas", contou Salles ao DCI.

O secretário contou que os coreanos estão interessados em criar uma empresa público-privada, para gerir as parcerias com os produtores, cooperativas, e empresas diretamente na Bahia, onde eles instalariam uma sede. A Cooperativa de Produtores do Oeste da Bahia, Cooproeste, que conta com cerca de 400 cooperados, produtores de milho, soja, café e algodão, pode ser a primeira entidade a celebrar acordo comercial com a estatal AT Korea Agro-Fisheries Trade Corporation. "Em julho, eles virão em uma missão, com o objetivo de se reunir com o setor agropecuário baiano e discutir os parâmetros para uma parceria, ou joint venture", garantiu Salles.

Em julho, o presidente da Cooproeste, Antonio José Tarciso de Assunção irá apresentar aos coreanos um plano de investimentos detalhado. Um dos pontos a ser debatido com os empresários coreanos será a implantação de uma torrefação de café. "O importante é industrializar, verticalizar a produção para agregar valor e gerar emprego e renda. Aqui temos agricultura irrigada, que garante a regularidade de entrega e a qualidade dos produtos, e isso é muito importante para eles", afirmou Assunção.

Apesar de todo o otimismo demonstrado pelo setor agropecuário baiano, Salles afirmou que muitas sondagens acabam não avançando, devido a falta de garantias a entrada dos investimentos estrangeiros. Para ele o maior entrave é a restrição federal a venda de terras brasileiras a grupos estrangeiros. "A questão da limitação da compra de terras por estrangeiros tem reduzido muito os investimentos internacionais no Brasil, principalmente aqui na Bahia. Nós somos totalmente contra a especulação imobiliária por qualquer grupo estrangeiro que venha aqui. Mas ao mesmo tempo nós achamos que uma empresa que venha agregar valor ao produto, que venha agroindustrializar a Bahia, ela precisa ter um tratamento diferenciado".

Salles frisou que não é a favor da venda irrestrita de terras brasileiras, mas sim de um tratamento diferenciado, a grupos de investidores que pretendam instalar uma indústria para o processamento agropecuário. "Quando um grupo estrangeiro vem ao Brasil montar uma agroindústria ela precisa garantir uma parte da produção própria para o abastecimento e fornecimento da sua mercadoria, se eles dependerem 100% da capacidade instalada da compra de materiais de terceiros, o complicador é muito grande. E o risco para eles é maior", disse.

Eduardo Salles defendeu que o investidor interessado em instalar uma industria no País, tenha direito de obter terras para garantir pelo menos 50% da matéria-prima necessária para sua produção. Ou seja, caso a capacidade instalada seja de 100 mil toneladas por ano, o interessado tenha terra para produzir 50 mil toneladas. "Não conseguimos atrair os investimentos desta forma. A nossa proposta na Bahia é muito simples e objetiva, é que dentro da capacidade instalada da fábrica ele possa produzir em terras próprias pelo menos 50% disso. Eles não virão se não tiverem segurança".

  •   DCI
  • 10 June 2011

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