Capítulo Final: J&F compra participação da Paper Excellence na Eldorado e encerra disputa
Consultor Jurídico | 15 de maio de 2025 
Entenda os valores por trás da disputa pela Eldorado Celulose.(Imagem: Arte Migalhas)

Capítulo Final: J&F compra participação da Paper Excellence na Eldorado e encerra disputa

A J&F Investimentos e a Paper Excellence anunciaram nesta quinta-feira (15/5) um acordo para encerrar a disputa pela Eldorado Brasil Celulose. Em comunicado conjunto, as empresas informaram que a J&F pagou US$ 2,64 bilhões (R$ 15 bilhões) à vista por 49,4% das ações controladas pela indonésia Paper. A empresa brasileira assume, assim, a totalidade da Eldorado. “Essa transação atende plenamente aos interesses de ambas as partes e põe fim, de forma plena e definitiva, a todos os processos judiciais e arbitrais em curso”, dizem as empresas. “A J&F demonstra, com esse investimento, a sua confiança no Brasil e na Eldorado. Já a Paper Excellence seguirá explorando oportunidades no setor de celulose e papel”, conclui o comunicado.

O acordo põe fim a uma disputa que se arrastava desde 2017 e se tornou a maior briga empresarial do país. Os indonésios pagaram inicialmente cerca de R$ 3 bilhões para levar 49,4% das ações da Eldorado. Os 50,6% restantes deveriam ser adquiridos em um ano, até setembro de 2018, e incluíam a liberação das garantias vinculadas à J&F. Sem conseguir cumprir esse precedente contratual no prazo estipulado, a Paper recorreu a uma arbitragem.

Em fevereiro de 2021, saiu a sentença arbitral parcial, que deu ganho de causa à Paper Excellence. Porém, a J&F foi à Justiça para anular a arbitragem, alegando que o procedimento foi parcial e houve violação do dever de revelação de um dos árbitros e espionagem de 70 mil e-mails durante o curso da arbitragem. Em julho de 2022, em primeira instância, a juíza Renata Maciel julgou a ação anulatória improcedente e manteve o resultado em favor da Paper.

A empresa brasileira alegou que o processo judicial estava suspenso por ordem do Tribunal de Justiça de São Paulo. Somente em março deste ano, após uma série de recursos no TJ-SP, a corte reconheceu a nulidade da sentença de primeira instância.

A disputa também levantou a discussão em torno da compra de terras por estrangeiros. Uma ação aberta em Santa Catarina e outra no Mato Grosso do Sul questionaram o negócio porque a Paper não apresentou autorizações do Incra e do Congresso Nacional para assumir terras no país — um requisito previsto pela legislação.

Nesse contexto, a transferência das ações da Eldorado para a Paper foi suspensa por decisões do TRF-3 e do TRF-4. Em seis oportunidades, o grupo indonésio tentou anular essas decisões, sem sucesso. Na última delas, o juiz federal Roberto Polini, da 1ª Vara Federal de Três Lagoas (MS), ratificou as liminares.

Na ação que corre em Três Lagoas, sede da Eldorado, o Ministério Público Federal defendeu que o contrato de compra e venda é nulo por violação da lei brasileira, uma vez que não há autorização do Incra e do Congresso Nacional para a compra de terras por estrangeiros. Em um processo administrativo, o Incra chegou à mesma conclusão. Portanto, a companhia estrangeira não poderia ter celebrado o contrato em 2017.

Veja a linha do tempo da disputa:

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Source
Consultor Jurídico https://www.conjur.com.br/2025-mai-15/jf-compra-participacao-da-paper-excellence-na-eldorado-e-encerra-disputa/

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