Realiza-se em Nampula a Assembleia-Geral OrdinĂ¡ria da UNAC 2014
28-4-2014, UNAC

(Nampula, 28 de Abril de 2014) − Com uma presença de cerca de 100 lideranças camponesas e convidados entre homens, mulheres e jovens de todas as províncias do País, em representação dos mais de 100 mil membros e mais de 2000 associações e cooperativas de camponeses, a União Nacional de Camponeses (UNAC), o maior e mais antigo movimento camponês de Moçambique, que, há mais de 25 anos, luta pelos direitos sociais, económicos, culturais dos camponeses e camponesas e pela soberania alimentar, reúne-se, em mais uma Assembleia-Geral anual, referente ao exercício associativo de 2013, entre os próximos dias 29 de Abril e um (1) de Maio de 2014, na cidade nortenha de Nampula.

Com a Assembleia-Geral anual de Nampula, os camponeses e as camponesas de todo o País, pretendem reforçar a sua capacidade organizacional, formação das lideranças camponesas, troca de experiência entre camponeses, engajamento, resistência e luta contra o avanço do actual modelo de desenvolvimento que exclui o campesinato e assenta fundamentalmente, em produção de monoculturas voltadas para exportação. Através desta Assembleia, os camponeses e as camponesas de Moçambique, pretendem ainda reafirmar o seu compromisso inalienável com a agricultura camponesa e engajamento na luta pela realização dos preceitos e direitos constitucionais que definem a agricultura como sendo a base de desenvolvimento de Moçambique.

Durante os três dias de realização da Assembleia de Nampula, os participantes irão debater questões de fundo da vida do movimento camponês e do País relativas a prevalência da situação político- militar e seus impactos na vida dos camponeses e na produção agrícola; conflitos e crescentes processos de usurpação terra em Moçambique; situação das calamidades naturais; impactos perversos dos mega projectos e desenvolvimento nas comunidades do País; o Programa ProSavana e as estratégias camponesas para o seu enfrentamento e mecanismos de resistência das comunidades camponesas do Corredor de Desenvolvimento de Nacala; agricultura de conservação e sementes em Moçambique, a Política de Género da UNAC, Plano Nacional de Apoio a Agricultura Camponesa em Moçambique e Ano Internacional da agricultura familiar e seu significado para as famílias camponesas. Além da análise e aprovação de importantes instrumentos estratégicos com destaque para o Relatório Anual de Actividades e Contas de 2013, Plano Anual de Actividades de 2014 e respectivo orçamento.

O debate sobre o Programa Prosavana acontece um ano depois de a UNAC e mais de 20 organizações nacionais terem dirigido uma Carta Aberta para Deter de Forma Urgente o Programa ProSavana aos Presidentes de Moçambique e Brasil e Primeiro-Ministro do Japão que ainda não foi respondida. “Nós, camponeses e camponesas, temos medo de ser expulsos das nossas terras, deslocados e reassentados em outras regiões como aconteceu em Tete. Assumimos que devemo-nos mobilizar e resistir contra essas ocupações indevidas de nossas terras e comunidades. A remoção e deslocação forçada da população implicam uma ruptura, desestruturação e violência contra o ciclo secular de vida e nossa relação com a terra e com a natureza”, disse o presidente da UNAC, Augusto Mafigo.

Com os debates a serem desenvolvidos na Assembleia, a UNAC pretende contribuir para o aprofundamento e ampliação do processo de formação e organização política dos camponeses, fortalecendo o debate público e democrático sobre os principais desafios estruturais do desempenho do sector agrário que o país enfrenta. Os camponeses mantêm-se firmes na luta pela defesa de suas terras e todos bens comuns e patrimónios colectivos, defendendo com urgência uma reforma agrária baseada na facilitação e dinamização dos meios de produção e produtividade no País, de modo a travar-se, com urgência, o fenómeno de usurpação e conflitos de terras, fomentados por programas de agronegócio como o Prosavana. Para além de definir estratégias para o seu enfrentamento, apresentando alternativas às políticas agrárias que tem vindo a ser aprovadas, com quase total ausência e exclusão de camponeses e camponesas de todo o País.

A Governadora da Província de Nampula, Cidália Chaúque, que vai pronunciar um discurso na sessão de abertura, vai interagir com os camponeses e espera-se que partilhe a visão do governo no que diz respeito à terra e a agricultura camponesa no País. A Assembleia-Geral anual da UNAC de 2014 acontece numa altura em que os camponeses e camponesas enfrentam desafios enormes, associados ao aumento de conflitos e fenómeno de usurpação de terras e consequentes deslocações forçadas pela implantação de grandes projectos de investimentos nas áreas de mineração, hidrocarbonetos, agronegócio de monoculturas.

UNAC

Camponeses Unidos Sempre Venceremos!

Nampula, 28 de Abril de 2014
URL to Article
https://farmlandgrab.org/post/23441
Source
UNAC http://www.unac.org.mz/index.php/7-blog/78-realiza-se-em-nampula-a-assembleia-geral-ordinaria-da-unac-2014