Brasil promove investigação e apoio rural no megaprograma Prosavana em Moçambique

14-6-2017, DN
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O Brasil continua a desenvolver atividades do Prosavana, apesar de a implantação daquele megaprograma agrícola estar num impasse, disse hoje à Lusa um dos responsáveis pela cooperação técnica brasileira em Moçambique.

No final de 2016, organizações da sociedade civil acusaram Brasil, Japão e Moçambique de imporem o Prosavana com um plano diretor que ameaçava a população e romperam o diálogo para a sua harmonização.

Sem entendimento quanto ao plano, há, no entanto, outras ações em curso na área da investigação agrária e de apoio a produtores.

O projeto de investigação agrária do Prosavana testou plantas e sementes para descobrir quais as mais adequadas para a área, a par de metodologias de trabalho, numa "primeira etapa" que terminou em 2016, explicou à Lusa, Bruno Neves, primeiro secretário da embaixada do Brasil em Moçambique, responsável por projetos de cooperação.

Os resultados científicos já anunciados deverão este ano ser reunidos numa publicação com formato mais acessível para ser distribuída pela população, referiu.

Há também novas ações de capacitação a serem preparadas neste âmbito.

No que respeita aos serviços de apoio aos agricultores nos campos (extensão rural), "existe a ideia de criar uma plataforma virtual de 'extensionistas' [consultores técnicos] para uso do Ministério da Agricultura" com apoio da Universidade Federal de Viçosa e da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, referiu.

Ao mesmo tempo, decorrem ações de capacitação e acompanhamento: "este ano já tivemos duas missões em Moçambique no âmbito do Prosavana e outras estão programadas" para decorrer até dezembro, acrescentou Bruno Neves.

No que respeita ao plano diretor, o Brasil vai aguardar por decisões que venham a ser tomadas pela sociedade civil e governo moçambicano e quando o documento estiver aprovado discutir-se-á "qual vai ser o envolvimento brasileiro".

"Quando as pessoas falam que o ProSavana não existe" estão a falar da parte do projeto relativa ao plano diretor. As outras, investigação e extensão rural, "as pessoas ignoram, não sei porquê: talvez porque não dá para gerar controvérsia", referiu Bruno Neves.

O ProSavana abrange 19 distritos das províncias de Nampula, Zambézia e Niassa, num total de 800 mil famílias ao longo do corredor de Nacala - via férrea que liga as regiões de Niassa e Tete ao porto de Nacala no Oceano Índico.

O programa foi concebido pelos governos de Moçambique, Brasil e Japão e tem gerado receios de usurpação de terras e motivado protestos dos habitantes e de várias organizações não-governamentais, que questionam o sucesso de uma experiência similar no Brasil.

O Prosavana apresenta-se com o objetivo de melhorar as condições de vida da população do corredor de Nacala, modernizar a agricultura, aumentar a produtividade e criar novos modelos de desenvolvimento agrícola, atualmente assentes na produção familiar de subsistência, e orientá-los para o mercado.

O plano diretor prevê que o valor total da produção aumente 3,2 vezes até 2030, mas nunca chegou a haver consenso porque "o Prosavana é o projeto com mais desinformação no mundo", referiu Bruno Neves à Lusa.

"Fala-se de reassentamentos do ProSavana. Quais? Me mostra um", desafia aquele responsável, que se recusa a apontar eventuais causas para tal "desinformação".

"Já recebi aqui pessoas que falam do setor privado: às vezes há lá uma empresa e acham que é do Prosavana. Não é", referiu, queixando-se do que considera ser uma "confusão" gerada em torno no programa.

"Não existe nenhum agente privado brasileiro no Prosavana. O problema é que o programa virou uma marca que se confunde com o investimento no corredor de Nacala" e que é liderado pela empresa mineira Vale, sedeada no Brasil.

Em dezembro do ano passado, o Governo moçambicano reafirmou a importância do megaprograma.

Filipe Nyusi considera que o instrumento vai servir para garantir a segurança alimentar das populações e aumentar o rendimento dos camponeses na região.
  •   DN
  • 14 June 2017

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