Duas associações moçambicanas exigem que governo rejeite projeto para vale do rio Lúrio

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Lusa | 11 de Maio de 2015

Duas associações moçambicanas exigem que governo rejeite projeto para vale do rio Lúrio

Duas associações moçambicanas exigiram hoje que o governo de Moçambique rejeite um projeto de desenvolvimento do vale do rio Lúrio (nordeste), devido aos "destruidores e fatais impactos na vida de mais de 500 mil pessoas e biodiversidade".

A Acção Académica para o Desenvolvimento das Comunidades Rurais (ADECRU) e a organização não-governamental ambientalista GRAIN manifestam, em comunicado, "preocupação e indignação" com a possível aprovação do projeto de desenvolvimento do vale do rio Lúrio (DVRL).

"Mais de 500 mil pessoas, residentes nas comunidades ao longo das margens do rio Lúrio, nas províncias de Niassa, Nampula e Cabo Delgado, serão severamente atingidas, caso o Conselho de Ministros de Moçambique decida aprovar" o projeto, sublinham.

"Das mais de 500 mil pessoas, mais de 100 mil serão removidas das suas terras e casas", acrescentam as duas associações.

Depois de ter passado pelo ministério da Agricultura e Segurança Alimentar moçambicano, o projeto DVRL encontra-se agora no conselho de ministros para aprovação imediata, afirmam.

Este projeto está orçado em 4,2 mil milhões de dólares, destinados à exploração agropecuária e construção hidroelétrica sobre o rio Lúrio, pretendendo ocupar mais de 240 mil hectares para produção de monoculturas destinadas à exportação como algodão, milho e cana-de-açúcar, bem como à exploração pecuária, de acordo com a ADECRU e a GRAIN.

O projeto prevê a construção de duas barragens no rio Lúrio para produção de energia elétrica e um sistema de irrigação.

"O rio Lúrio é o segundo maior de Moçambique, depois do rio Zambeze, tem uma bacia estimada em 60.800 quilómetros quadrados e um fluxo médio anual de 227 metros cúbicos por segundo, percorrendo cerca de 500 quilómetros. O projeto de desenvolvimento será implementado ao longo dos distritos banhados pelo rio Lúrio: Lalaua, Malema, Mecuburi, Erati e Ribaue na província de Nampula; Namuno e Chiuri na província de Cabo Delgado e Metarica e Nipepe na província de Niassa", refere.

No comunicado, em que citam "fontes seguras" mas anónimas "por motivos de segurança", as duas associações indicam que o projeto "foi secretamente apresentado", em janeiro do ano passado, em Maputo, a um grupo restrito que incluía "representantes do governo, agências de cooperação internacional e do setor privado".

A ADECRU e a GRAIN acrescentam o projeto vai ser aplicado por "uma empresa já criada e denominada Companhia do Vale do Rio Lúrio, sob gestão do consórcio 'TurConsult' e 'Agricane'".

A "TurConsult" é uma empresa moçambicana de prestação de serviços na área do turismo e a "Agricane" é uma empresa sul-africana de produção de cana e prestação de serviços de consultoria.

A ADECRU acrescenta ter visitado, no início do mês, várias zonas do vale do Lúrio, onde "membros e líderes das comunidades de Cathai, Munhacuco, Nhequedza, Niveta, Namapa, disseram que nunca ouviram falar do referido projeto", de acordo com o mesmo comunicado.
  •   Lusa
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