Comunidades rejeitam a implementação do ProSAVANA e abandonam a sala de reunião de auscultação pública em Malema

30-4-2015, ADECRU
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Auscultação do Prosavana em Mutuale, Distrito de Malema

Apesar dos representantes do Ministério da Agricultura e Segurança Alimentar (MASA) que orientam as auscultações públicas do Programa ProSAVANA ao nível dos distritos e postos administrativos de Niassa, Nampula e Zambézia, entre os dias 20 e 29 de Abril, estarem a forçar camponeses a aceitarem a implementação do ProSAVANA em reuniões fechadas que antecedem às auscultações, esta Terça-feira (28 de Abril) camponeses e camponesas de Mutuale, Distrito de Malema à semelhança de outras auscultações não se deixaram intimidar rejeitando publicamente o ProSavana.

Mais de 50 pessoas dos quais camponeses e camponesas, associações de camponeses e os seus respectivos fóruns, do posto administrativo de Mutuale, Distrito de Malema, na província de Nampula, disseram NÃO ao ProSAVANA.

As comunidades movidas de um espírito reticente em relação a tudo que o ProSAVANA representa para os interesses do povo Moçambicano, não se deixaram convencer pela explanação dos representantes do governo, mesmo usando o discurso de luta contra a pobreza absoluta, a miséria e a fome.

“Nós em Mutuale não queremos o ProSAVANA porque este programa não representa os interesses dos camponeses, nós sabemos que com este programa vamos perder a nossa terra, sabemos que os camponeses vão ser obrigados a ir pedir terra em outros lugares como está a acontecer agora com as pessoas que foram expulsas das suas terras a quando da entra da empresa AGROMOZ, no Distrito de Gurué, Posto Administrativo de Lioma. Hoje estas pessoas saíram de lá e vieram pedir lugares para viver aqui em Mutuale. Nós não queremos ir pedir terra em outras comunidades porque isso mais tarde traz conflitos entre nós, disse Agostinho, camponês de Mutuale.

Num dos momentos mais tensos da auscultação, as comunidades rebateram o discurso do Governo que defende que o ProSAVANA é um programa do governo moçambicano para os moçambicanos, um sonho dos camponeses moçambicanos. Para as comunidades, o ProSAVANA é um programa que não foge de vários outros como a Revolução Verde que só causaram prejuízos para os camponeses. “Vocês não nos vão mentir mais nada desta vez, para nós está claro que este programa é mais um de vários programas que já foram implementados e não deram certo ou seja, falam uma coisa mas na prática trazem outra coisa”, rebateu o Senhor Armando, camponês de Mutuale.

Dentre vários vícios insanáveis que o ProSAVANA carrega consigo as comunidades demonstraram a hipocrisia organizada materializada por promessas não cumpridas quer ao nível de emprego, insumos agrícolas e transferência de tecnologias, como é habitual em vários projectos em curso no país. Nos não queremos o ProSAVANA porque vai trazer a infertilidade do nosso solo, nos produzimos e podemos ainda produzir muito bem mesmo sem esses fertilizantes químicos. Esses fertilizantes químicos, entre outros que usam provocam várias doenças para as comunidades vizinhas. Hoje temos o caso de pessoas que vivem perto da empresa AGROMOZ que estão sempre a cair doentes por causa dos químicos que são espalhados pela AGROMOZ, através da sua pulverização aérea”, afiançou Tome, camponês de Mutuale.

As comunidades do posto administrativo de Mutuale mostraram sua indignação e insatisfação com a equipa do ProSAVANA pelo facto de não ter respondido as principais inquietações depois uma apresentação em Power Point de um documento que a comunidade não teve acesso antes, com justificação de que eles não sabem ler. A indignação agudizou-se mais pelo facto de a equipa não ter respondido se quer uma pergunta levantada pela audiência e ter-se limitado num discurso político, prepotente e arrogante, o que levou as comunidades a abandonar a sala de auscultação.

O Conselho de Coordenação Político-Associativa da ADECRU enviou três brigadas que seguem a par e passo as consultas do Prosavana nos distritos e postos administrativos das três províncias, as quais são lideradas pelo Coordenador Nacional em Nampula, o Coordenado Executivo em Niassa e a Coordenadora de Comunicação, Mobilização e Questões de Género na Zambézia. À este grupo junta-se mais de uma centena de militantes da ADECRU distribuídos pelas três províncias. Na próxima semana a ADECRU vai emitir um relatório detalhado das auscultações e o seu posicionamento.

Mutuale, 29 de Abril de 2015

Conselho de Coordenação Politico-Associativa da ADECRU

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